Alfabetizar é um
dos mais complexos trabalhos que a escola possui, pois na maioria das vezes ela
não tem o apoio e incentivo necessário da família, devido a falta de
infra-estrutura encontrada neste segmento social. Pais analfabetos, pouco
acesso a materiais de leitura como: livros, jornais, revistas. Então fica a
cargo da escola preencher lacunas inclusive relacionadas a questões emocionais,
cabe, portanto ao professor ter estratégias para enfrentar essas situações e
conseguir lidar com elas de forma a garantir a qualidade de ensino, mas para
isso ele tem de estar capacitado.[1]
Na busca pela qualidade da Educação Básica
muito se tem debatido e leis são criadas para que este direito seja garantido.
A LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação- 9394/96 foi um dos marcos na
evolução qualitativa da Educação no Brasil. De acordo com esta lei as escolas
possuem maior autonomia administrativa, econômica e pedagógica. Também dá
ênfase aos aspectos qualitativos do que quantitativos quanto à avaliação. Em
relação a este aspecto discorda Demo (2009) quando fala que a quantidade e a
qualidade devem ser analisadas distintamente, mas que fazem parte do mesmo
fenômeno, não possuindo sentido em que uma é mais importante do que a outra,
mas que são partes integrantes, onde por vezes devemos priorizar uma a outra na
realidade social educativa.
As palavras de Demo nos fazem refletir sobre
questões básicas que apresentam uma lacuna entre a lei e a prática. De fato não
há como separar a qualidade da quantidade, visto que a qualidade da Educação
básica é medida quanticamente quanto aos 200 dias letivos, às 800 horas aula,
as notas da prova Brasil (SAEB), as notas da prova a nível estadual no Rio
Grande do Sul (SAERS), aos números de aprovações, reprovações entre tantos
fatos que mensuram a qualidade do Ensino nas escolas públicas.
De acordo com Santos
A qualidade da
educação envolve dimensões
extra e intraescolares e, nessa ótica, devem-se
considerar os diferentes atores, a dinâmica pedagógica, odesenvolvimento das
potencialidades individuais e
coletivas, locais e regionais, ou seja,
os processos ensino-aprendizagem, os currículos, as expectativas de aprendizagem,
bem como os diferentes fatores
extraescolares, que interferem direta ou
indiretamente nos resultados educativos.
Ao adotar a
avaliação como eixo de suas políticas, o Brasil não o faz por meio de um
sistema nacional, que envolva a educação básica e superior , mas desenvolve
ações direcionadas a esses níveis por meio de instrumentos de avaliação para a
educação básica (Saeb, Enem, Ideb, Prova Brasil) e pela criação do sistema
nacional de avaliação da educação superior (Sinaes), além daqueles específcos
para o sistema de avaliação da pós-graduação e da pesquisa. De maneira geral,
elas se baseiam em pressupostos cujas ações/instrumentos do sistema de
avaliação constituído: 1) efetivam, pouco a pouco, um processo educacional que
altera objetivos, valores e processos educativos no campo da educação; 2)
ampliam o poder de regulação e controle do Estado e alteram signifcativamente a
lógica de constituição do campo e o relacionamento entre as instituições,
principalmente na educação superior; 3) promovem mudanças signifIcativas na
gestão, na produção do trabalho escolar , acadêmico e na formação profissional. (2008,
p.31)
De acordo com a pesquisa de Schenaider (2009, p. 30)
Segundo o Ministério da Educação (MEC), a
criança por já viver em uma sociedade letrada, fazendo uso das mais variadas
linguagens, deve usufruir de um ambiente alfabetizador, utilizando a leitura e
a escrita em situações significativas para ela (BRASIL, 2004). Porém, a
alfabetização não seria obrigatória e nem pré-requisito para a criança seguir
para o segundo ano; aliás, não há repetência no primeiro ano e a avaliação deve
ser feita através de parecer descritivo. Todas estas orientações, entretanto,
foram sendo adaptadas por cada contexto, e hoje, em muitos casos, diferem do
posicionamento do MEC.
O governo do Estado do Rio Grande do Sul em
cumprimento com a lei federal 11.274, no ano de 2007, proporcionou para que as
escolas estaduais pudessem selecionar entre os três projetos de alfabetização:
Alfa e Beto, Pós-construtivista, Circuito Campeão do Instituto Airton Sena.
Grossi
(1990) em seu livro: Didática da Alfabetização reforça os níveis da psicogênese
da escrita: sendo o pré-silábico I e II, o silábico e o nível alfabético que a
criança deve passar para compreensão e aquisição da leitura e da escrita. “São
duas áreas da alfabetização, que são a leitura e a escrita. Estas não caminham
com simultaneidade, ao contrário, guardam certa independência durante parte do
processo de alfabetização.” (GROSSI, p. 12, 1990)
Novas
mudanças na metodologia não apenas no primeiro ano do Ensino Fundamental, mas
transformando os três primeiros anos em um bloco pedagógico, sem reprovação.
Resolução nº 7 de dezembro de 2010, art. 30
Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino
Fundamental devem assegurar:
I – a alfabetização e o letramento;
II – o desenvolvimento das diversas formas de
expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música
e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da
Ciência, da História e da Geografia;
III – a continuidade da aprendizagem, tendo em
conta a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que a
repetência pode causar no Ensino Fundamental como um todo e, particularmente,
na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o
terceiro.
§ 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a
escola, no uso de sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, será
necessário considerar os três anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco
pedagógico ou um ciclo sequencial não passível de interrupção, voltado para
ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematização e aprofundamento
das aprendizagens básicas, imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos.
§ 2º Considerando as características de
desenvolvimento dos alunos, cabe aos professores adotar formas de trabalho que
proporcionem maior mobilidade das crianças nas salas de aula e as levem a
explorar mais intensamente as diversas linguagens artísticas, a começar pela
literatura, a utilizar materiais que ofereçam oportunidades de raciocinar,
manuseando-os e explorando as suas características e propriedades.
BIBLIOGRAFIA
DEMO, Pedro; Educação
e Qualidade. Papirus, 12ª ed.
Campinas, SP. 2009.
GROSSI,
Esther Pillar. Didática da Alfabetização.
Vº1. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
SANTOS, Raimundo F. Gestão democrática
da escola Pública: È preciso educar todos. Dísponivel em: http://www.artigonal.com/authors/91738 Acesso em: 23/01/2012
SCHENAIDER, Suzana. O Projeto
Piloto de Alfabetização do Rio Grande do Sul: um olhar de estranhamento sobre seus materiais didáticos.
(Dissertação de mestrado UFGRS) Porto Alegre, 2009.
DEMO, Pedro; Educação
e Qualidade. Papirus, 12ª ed. Campinas, SP. 2009.
Ana Paula Pinheiro – email: anpinpol@yahoo.com.br


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